O vegetarianismo é uma prática alimentar que tem crescido consideravelmente nos últimos anos. Hoje, estima-se que 14% dos brasileiros se declaram vegetarianos. Dessa forma, quando se fala nesse estilo de vida, pessoas que optam por tal comportamento acabam levando isso para dentro de sua casa, principalmente para seus filhos.
Benefícios do Vegetarianismo
Quando são estudados os benefícios associados ao vegetarianismo, pode-se levar em consideração tanto questões relacionadas à saúde, quanto ao meio ambiente. A adesão a uma dieta 100% vegetariana, pode reduzir o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, hipertensão e cálculos biliares. Além disso, há maior consumo de fibras, gorduras monoinsaturadas, fitoquímicos, antioxidantes, vitaminas e minerais, que geram diversos benefícios à saúde. Um estudo recente, mostrou que adeptos do vegetarianismo há mais de 3 meses, possuem a flora intestinal mais saudável e o intestino com menos marcadores inflamatórios.
O meio ambiente também é bastante beneficiado com o menor consumo de carne, visto que 70 bilhões de animais terrestres são consumidos por ano, criando um sistema alimentar que o planeta não consegue sustentar. Atualmente, 80% do desmatamento da Amazônia está relacionado à pecuária.
Avaliação Nutricional
Quando se fala em avaliação nutricional de pacientes vegetarianos, em geral, deve-se ter um tempo longo de consulta, a fim de entender o principal motivo do paciente adotar esse estilo de vida. Além disso, deve-se sempre buscar a ética quando o motivo está relacionado a questões religiosas ou questões de saúde. A literatura aconselha que haja, no mínimo, 2 tipos de inquéritos alimentares e ao fazer a prescrição dietética, sempre busque atender ao princípio da complementaridade, que consiste em complementar aminoácidos essenciais com diferentes alimentos (arroz e feijão, por exemplo).
Divisão dos Grupos Alimentares
A divisão dos grupos alimentares em vegetarianos, diferentemente dos convencionais, é composta apenas por grãos, leguminosas, vegetais, vegetais verde-escuros, frutas, oleaginosas e grupos opcionais (que normalmente incluem cogumelos, açúcares e tubérculos). Dessa forma, a principal diferença é que não há o grupo de leite e derivados, nem o de carnes, ovos, raízes e tubérculos. Além disso, os legumes e verduras, presentes nos grupos alimentares convencionais, são divididos em vegetais e vegetais verde escuros
Vegetarianismo e Veganismo na Infância
A alimentação vegetariana é reconhecida mundialmente como adequada em todas as fases da vida, incluindo a infância. Portanto, todos os cuidados alimentares e adequações nutricionais devem ser realizados com cuidado. A suplementação de B12, vitamina D e ferro, é recomendada para todos os indivíduos que adotam o veganismo, incluindo crianças acima de 2 anos. Porém, as mães são recomendadas a amamentar seus filhos até essa idade, mesmo com a alimentação complementar sendo iniciada com 6 meses (0,6 mcg/dia).
A mãe, tanto vegetariana quanto vegana, deve ser suplementada com B12 desde o início da gestação. A avaliação da dieta da mãe é de grande importância, tanto antes quanto ao longo da amamentação, pois muitos nutrientes serão repassados para o bebê através do leite materno. Estudos mostram que o leite da mãe vegetariana apresenta quantidade de proteínas, gorduras totais e minerais suficientes, porém deve-se atentar às concentrações de vitaminas (principalmente A, D, E, K, C e do complexo B). A suplementação de cálcio e vitamina D, também deve ser feita pela mãe ao longo da amamentação.
Quando se fala em ferro, algumas orientações como o remolho de leguminosas, e uso de vinagre/limão a fim de neutralizar fitatos são necessárias, para fazer com que esse mineral fique mais biodisponível. Também, pode ser feita a associadas de fontes de ferro com vitamina C (suco ou fruta).
Considerações práticas
Sempre atente-se para a adequação, principalmente de proteína (a fim de não correr riscos de desenvolvimento de desnutrição energético-proteica) e de micronutrientes. A suplementação de B12, é recomendada para todos os indivíduos que adotam o veganismo, incluindo crianças acima de 2 anos. Porém, as mães são recomendadas a amamentar seus filhos até essa idade, mesmo com a alimentação complementar sendo iniciada com 6 meses (0,6 mcg/dia). As mães, tanto vegetariana quanto vegana, devem ser suplementadas com B12 desde o início da gestação.
Alguns alimentos como quinoa, folhas verde-escuras, tofu, ervilhas, brócolis, sementes, feijões, cogumelos, lentilha, abacate, chia, nozes, tempeh, soja e grão de bico, são fontes de proteínas e micronutrientes que são escassos nesses pacientes. Logo, vale tentar incluí-los no plano alimentar e conferir qual será a adesão.
Autores: Raquel Brison e Felipe Ribeiro
Para um estudo mais aprofundado sobre o tema, seguem abaixo algumas sugestões:
Para entender mais sobre a atuação da nutrição na depressão e ansiedade, seguem abaixo as sugestões:
Sugestão de estudos do Portal Science Play - Qual o Impacto da Dieta Vegetariana na Microbiota?
ZHANG, C. et al. Impact of a 3-Months Vegetarian Diet on the Gut Microbiota and Immune Repertoire. Front Immunol, v. 9, p. 908, 2018. https://doi.org/10.3389/fimmu.2018.00908
BARONI, L. et al. Vegan Nutrition for Mothers and Children: Practical Tools for Healthcare Providers. Nutrients v. 11, n. 20, p. 1-5, 2018. https://doi.org/10.3390/nu11010005
KIELY, M. Risks and benefits of vegan and vegetarian diets in children.
Proceedings of the Nutrition Society, v. 80, n. 2, p. 159-164, 2021. https://doi.org/10.1017/S002966512100001X
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