A crença de que o exercício físico afeta a imunidade é comum, mas como isso acontece? Afeta positivamente ou negativamente? Para entrar nessa discussão deve-se entender os mecanismos e componentes básicos do sistema imunológico:
Função
A função principal do sistema de defesa é manter a homeostasia, ou seja, o funcionamento normal do organismo, e para que isso aconteça ocorre o combate contra os microorganismo, bactérias, protozoários e outros. Portanto podemos dividir o sistema imune em duas partes:
● Resposta imune inata, com barreiras físicas como pele, lágrima e saliva, com atuação de células como neutrófilos, macrófagos e células NK
● Resposta imune adaptativa, e os protagonistas são os linfócitos B e T e seus anticorpos e citocinas.
Os efeitos do exercício físico sobre o sistema imunológico depende diretamente da intensidade, sendo dois cenários possíveis, exercício moderado (40–59% do VO₂ max e 55–69% da frequência cardíaca) e de alta intensidade (60–84% do VO₂ max e 70–89% da frequência cardíaca).
Intensidade
Moderado: Para que as células apresentadoras de antígeno possam avisar aos linfócitos T que há algo de errado no organismo, é necessária a presença de de um complexo chamado MHC e de citocinas inflamatórias, e o exercício moderado tem uma forte relação com o aumento da expressão de MHC II e IL-12 nas células dendríticas, o que potencializa a ativação de linfócitos Th1, importantes na secreção de IFN-y, o que irá melhorar a resolução de infecções por microrganismos intracelulares, como os vírus.
Alta intensidade: Em contrapartida, quando o exercício é prolongado e extenuante, como um maratona, temos uma queda de um receptor chamado TLR nos macrófagos, o que compromete a apresentação de antígenos aos linfócitos T, além da menor quimiotaxia, ou locomoção, dos neutrófilos ao sítio da infecção. Estudos mostram que esse tipo de exercício provoca um aumento brusco de apoptose/morte dos linfócitos T, aumentando ainda mais a susceptibilidade de infecções por microrganismos intracelulares (Leia o artigo – Inflammaging: como a nutrição pode agir?).
Portanto, a associação entre o exercício físico e o sistema imunológico deve ter atenção e acompanhamento de um profissional qualificado durante a realização/prescrição de exercício físico, evitando possíveis complicações na saúde do atleta, principalmente para prevenir infecções no trato respiratório.
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