top of page
  • Science Play

Eixo intestino e músculo: como acontece essa interação?



Fisiologicamente, tanto o intestino quanto o músculo, possuem funções fundamentais para o indivíduo. Além do papel no transporte, na digestão e na absorção de nutrientes, o intestino também atua na produção de anticorpos, eliminação de toxinas e na produção de hormônios e neurotransmissores. Enquanto isso, o músculo esquelético atuará na locomoção e força, produção de miocinas, regulação do metabolismo da glicose e no metabolismo basal.


Entretanto, qual a importância desses órgãos de maneira sinérgica?


Para entendermos melhor sobre o tema, é importante iniciarmos falando sobre a microbiota intestinal. Diversos microrganismos colonizam o nosso trato gastrointestinal, desempenhando um papel crucial na manutenção das funções fisiológicas do corpo. Dentre os microrganismos mais abundantes, estão as bactérias, envolvidas nas funções metabólicas e cerebrais, na maturação do sistema imunológico e na proteção contra patógenos.


Uma saúde intestinal ruim, gera um quadro de disbiose, levando à uma maior proporção de bactérias patogênicas com capacidade de produzir citocinas pró inflamatórias e aumentando a permeabilidade intestinal, facilitando a passagem de toxinas e metabólitos pela barreira intestinal, e elevando ainda mais esse quadro inflamatório.


Em situações de inflamação crônica, a síntese proteica muscular e as adaptações ao treinamento ficam limitadas, diminuindo a força e massa muscular, influenciando no desempenho físico e aumentando o risco de desenvolver sarcopenia e osteoporose.


Influência de uma boa saúde intestinal


Levando em consideração o que foi citado acima, manter uma boa saúde intestinal irá manter a integralidade da barreira, diminuindo as concentrações de citocinas pró-inflamatórias e do fator NF-kB, não induzindo um ambiente catabólico e inflamatório. Além disso, uma microbiota intestinal diversificada e em equilíbrio aumenta as concentrações de mTOR, aumentando a síntese proteica muscular e consequentemente a força, a massa muscular e a resposta frente ao exercício físico.


Em resumo, o que acontece antes do músculo será fundamental para a ação muscular, provando que o eixo músculo-intestino existe, impactando na síntese e na degradação proteica. Outros fatores influenciados por essa interação, envolvem:


  • Melhora da capacidade do músculo de captar glicose, através da melhora do desempenho esportivo, por manter os níveis de glicogênio muscular e diminuir o risco de resistência à insulina e Diabetes Mellitus tipo 2.


  • Maior disponibilidade de aminoácidos essenciais através da suplementação em conjunto de probióticos, aumentando o estímulo anabólico.


  • Aumento da oxidação de carboidrato no músculo esquelético ao utilizar 2 tipos de carboidratos, como glicose e frutose, melhorando o desempenho esportivo.


  • Existência de bactérias intestinais que produzem uma variedade de metabólitos, sendo os ácidos graxos de cadeia curta os mais conhecidos (butirato, acetato e propionato). Estes irão atuar na capacidade e função muscular, aumentando a força, e no desempenho esportivo, por diminuir o tempo de exaustão.


  • Papel da microbiota na produção de vitaminas, como B2 e B12, necessárias para os processos anabólicos das células musculares.


Como manter uma microbiota intestinal adequada?


Visto a importância da mesma na saúde muscular e no desempenho físico, estratégias para manter a saúde intestinal devem ser consideradas. A dieta e o exercício físico são os principais determinantes para alterar o nosso microbioma. Sendo assim, diminuir o consumo de açúcar simples e de gordura saturada, aumentar o consumo de fibras, evitar o excesso de proteínas, diversificar a alimentação, uso de probióticos, praticar exercício físico regularmente, controlar a ansiedade e o estresse e regular o ciclo circadiano são dicas fundamentais para uma microbiota intestinal em equilíbrio e diversificada.


Para um estudo mais aprofundado sobre o tema, segue abaixo algumas sugestões:


Artigos


DANNESKIOLD-SAMSØE, Niels Banhos; BARROS, Helena Dias de Freitas Queiroz; SANTOS, Rosangela; BICAS, Juliano Lemos; CAZARIN, Cinthia Baú Betim; MADSEN, Lise; KRISTIANSEN, Karsten; PASTORE, Glaucia Maria; BRIX, Susanne; MARÓSTICA JÚNIOR, Mário Roberto. Interplay between food and gut microbiota in health and disease. Food Research International, [S.L.], v. 115, p. 23-31, jan. 2019. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.foodres.2018.07.043.


LI, R.; BOER, C. G.; OEI, L.; MEDINA-GOMEZ, Carolina. The Gut Microbiome: a new frontier in musculoskeletal research. Current Osteoporosis Reports, [S.L.], v. 19, n. 3, p. 347-357, 17 abr. 2021. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1007/s11914-021-00675-x.


PRZEWłÓCKA, Katarzyna; FOLWARSKI, Marcin; KAŰMIERCZAK-SIEDLECKA, Karolina; SKONIECZNA-śYDECKA, Karolina; KACZOR, Jan Jacek. Gut-Muscle Axis Exists and May Affect Skeletal Muscle Adaptation to Training. Nutrients, [S.L.], v. 12, n. 5, p. 1451, 18 maio 2020. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/nu12051451.


TICINESI, Andrea; LAURETANI, Fulvio; MILANI, Christian; NOUVENNE, Antonio; TANA, Claudio; RIO, Daniele del; MAGGIO, Marcello; VENTURA, Marco; MESCHI, Tiziana. Aging Gut Microbiota at the Cross-Road between Nutrition, Physical Frailty, and Sarcopenia: is there a gut⠳muscle axis?. Nutrients, [S.L.], v. 9, n. 12, p. 1303, 30 nov. 2017. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/nu9121303.

Posts recentes

Ver tudo

コメント


bottom of page