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Conheça o TMAO, um metabólito da microbiota relacionado a diversas doenças


A microbiota intestinal apresenta uma relação direta com nosso organismo e, nesse sentido, as bactérias possuem a capacidade de metabolizar diversas substâncias. Assim, com o fornecimento de substratos pela dieta, há geração de diferentes compostos, muitos deles benéficos ao nosso organismo. Entretanto, existe também a produção de moléculas que estão associadas a distúrbios metabólicos. Desse modo, conheça o n-óxido de trimetilamina (TMAO), um metabólito da microbiota relacionado a diversas doenças.


Origem do TMAO

Em alimentos, principalmente de origem animal, podemos encontrar diversos nutrientes formados por aminas quaternárias, como a colina, L-carnitina e betaína. Assim, quando essas não são totalmente absorvidas, acabam sendo utilizadas como substrato para as bactérias intestinais, gerando a produção de trimetilamina (TMA). Posteriormente, esse produto pode ser absorvido pelo cólon seguindo pela circulação portal. Logo, no fígado sofrerá mais uma reação, levando a formação do TMAO.


Doenças Cardiovasculares

Recentemente, diversos pesquisadores vêm apontando o aumento dos níveis plasmáticos de TMAO com desfechos cardiovasculares, sendo considerado um biomarcador para prever a prevalência de doenças cardiovasculares (DCV). Nesse sentido, há algumas evidências e hipóteses da interação desse metabólito derivado da microbiota com nosso organismo, favorecendo principalmente a incidência de aterosclerose. Todavia, nota-se que mais trabalhos são necessários na área, para então obtermos evidências mais concretas.


Dislipidemia e aterosclerose

Sobre a relação do TMAO e distúrbios metabólicos, primeiramente podemos falar sobre a dislipidemia, no qual se observa a elevação do colesterol sanguíneo por duas diferentes formas:

  • Reduzindo o transporte reverso do colesterol realizado pelo HDL;

  • Diminuindo a expressão genética de enzimas responsáveis pela síntese de ácidos biliares, etapa responsável pela metabolização/eliminação do colesterol;


Ademais, para colaborar com o processo aterosclerótico, é evidenciado que o aumento de TMAO promove a maior expressão de receptores CD36 dos macrófagos, contribuindo para a formação da placa espumosa após o reconhecimento do LDL.


Inflamação e estresse oxidativo

Além da aterosclerose, o aumento dos níveis de TMAO também têm sido associados com o aparecimento da inflamação crônica de baixo grau e do estresse oxidativo. Para tal, observa-se maior ação do fator de transcrição NF-kB, elevando a expressão de citocinas pró-inflamatórias; e a ativação do NLPR3, responsável pela maior produção de espécies reativas de oxigênio, promovendo o estresse. Dessa maneira, ambos os processos contribuem para o desencadeamento de DCV.


Doenças Neurológicas

Por fim, nos últimos anos foi descoberto o potencial do TMAO em atravessar a barreira hematoencefálica, adentrando no sistema nervoso central. Desde então, inúmeras pesquisas associaram o aumento dos níveis dessa molécula, principalmente no fluido cérebro-espinhal, com algumas doenças neurológicas. Então, nota-se uma relação com o envelhecimento cerebral, Doença de Alzheimer, mudança do comportamento social, etc. Entretanto, esses trabalhos são recentes, assim, novos estudos são necessários para compreendermos o papel do TMAO nesses distúrbios.


Considerações finais

Visto o papel patológico do TMAO, devemos levar em consideração o consumo de fontes de aminas quaternárias, principalmente a carne vermelha. Dessa maneira, podemos objetivar a prevenção ou tratamento coadjuvante de certa doença. Todavia, nem sempre a restrição de certos alimentos é bem-vinda, logo, o equilíbrio da dieta deve ser o ideal, buscando a redução e não a exclusão.


Para um estudo mais aprofundado sobre o tema, seguem abaixo algumas sugestões:



Sugestão de estudo do portal Science Play - O potencial da microbiota intestinal na saúde metabólica


Artigos


HEIANZA, Yoriko et al. Gut microbiota metabolites and risk of major adverse cardiovascular disease events and death: a systematic review and meta‐analysis of prospective studies. Journal of the American Heart Association, v. 6, n. 7, p. e004947, 2017.


GENG, Jin et al. Trimethylamine N-oxide promotes atherosclerosis via CD36-dependent MAPK/JNK pathway. Biomedicine & Pharmacotherapy, v. 97, p. 941-947, 2018.


BRUNT, Vienna E. et al. The gut microbiome–derived metabolite trimethylamine N-oxide modulates neuroinflammation and cognitive function with aging. GeroScience, v. 43, n. 1, p. 377-394, 2021.


Autores: Lucas Ferres e Felipe Ribeiro


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