O aleitamento materno para a criança diz respeito ao leite humano ofertado pela amamentação, no qual é considerado como padrão-ouro para a alimentação infantil. Isso decorre do fato de que fornece um alto valor nutricional, composto por inúmeros benefícios protetores de curto e longo prazo, incluindo, entre outros, menor incidência de diarreia, infecções respiratórias, infecções do trato urinário e otite média; além de reduzir o risco de doenças como: asma, alergia e diabetes mellitus tipo I e II, ele também atua contra o desenvolvimento de doenças não transmissíveis comumente associadas à patogênese de doenças inflamatórias, como obesidade e doença cardiovascular. Desse modo, a partir da grande quantidade de doenças que são evitadas através dele, justifica-se a importância do aleitamento materno para a criança.
O leite materno também sofre alterações que alcançam as necessidades do bebê, como por exemplo: se tornar mais denso em energia para melhor atender a demanda calórica do lactente em crescimento e suprir a sua microbiota intestinal. Por todas essas razões citadas até o momento, a amamentação exclusiva por seis meses em conjunto com a alimentação complementar por um ano de vida ou mais, são recomendados pela Academia Americana de Pediatria e pela Organização Mundial de Saúde.
Porque existem diferentes tipos de leite?
O leite materno sofre modificações na sua composição durante os primeiros 15 dias, a partir do nascimento do bebê. Por causa das diferentes características na composição, que acontecem nessa fase e que atingem as necessidades do bebê, desde calóricas a imunológicas. E por isso, ocorre essa mudança na denominação do leite materno disponível ao aleitamento materno para a criança. O mesmo possui 3 nomes diferentes, eles são: colostro, leite de transição e leite maduro.
Colostro: é o primeiro leite produzido, e essa produção se dá nos primeiros 5 dias após o nascimento do bebê. Acontece no estágio lactacional quando a concentração de proteína é maior, especialmente em relação às proteínas imunomoduladoras, pois a glândula mamária ainda está amadurecendo; e a maturidade dela envolve também a regulação do efluxo de sódio e potássio.
Leite de transição: produzido após o colostro, de 5 a 15 dias após o parto, e existe uma regulação positiva da síntese de proteínas e uma inibição da degradação delas; além disso, ocorre aumento na concentração de carboidratos e gorduras, juntamente com o aumento no volume de leite. Isso ocorre à medida que a glândula mamária amadurece de um estágio transitório para um estágio maduro.
Leite maduro: é o último leite produzido, a partir do 15o dia pós-parto e se prolonga durante a lactação. Nesta fase a composição de proteínas, gorduras e carboidratos se mantém estável, com aumento somente no volume de produção de leite.
Aleitamento materno para a criança
Imunidade
O aleitamento materno para a criança diz respeito também as primeiras moléculas protetoras que entram em contato com o bebê através do leite materno são uma família de proteínas, chamadas imunoglobulinas (ou anticorpos). Podem vir de várias fontes e são transportadas para o leite por processos mediados por receptores, refletindo a estimulação antigênica da imunidade da mãe. Com isso, muitos desses fatores desempenham um papel duplo, porque influenciam tanto na proteção da glândula mamária, quanto na amamentação propriamente dita.
Composição
Em relação a composição, o leite humano é composto por três principais macronutrientes, são eles: carboidratos, lipídeos e proteínas, listados por ordem de abundância relativa. Por outro lado, considerando as funções imunológicas, as proteínas contribuem para uma ampla gama de funcionalidades, dentre elas, o crescimento através das fontes de aminoácidos; biodisponibilidade aprimorada de micronutrientes como vitaminas e minerais; desenvolvimento cognitivo aprimorado; aperfeiçoamento do sistema imunológico como imunidade inata e adaptativa; e promovendo o desenvolvimento intestinal e a maturação dele por meio de interações com a microbiota intestinal.
A ligação do sistema imune ao aleitamento materno
E a especificidade da composição e concentração do leite presente do aleitamento materno para a criança, de modo a atender às necessidades, pode ser exemplificada pelos componentes imunomoduladores. Tais componentes visam proteger o bebê e ajudar a conduzir o desenvolvimento imunológico da criança, incluindo dentre eles os antígenos, citocinas, imunoglobulinas de várias classes como IgM, IgA, IgG, IgE e IgD, ácidos graxos poliinsaturados, quimiocinas, leucocitos como: macrófagos, neutrófilos granulocitos e linfócitos.
Além disso, o leite materno também possui proteínas e glicoproteínas estimulantes do sistema imunológico, como a lactoferrina. Ela é uma glicoproteína, que dispõem de função bactericida, antiviral e também é moduladora das respostas imunes, ligando-se a várias moléculas de membrana como: peptidoglicanos e lecitinas, que estão presentes em uma grande variedade de células imunes inatas e adaptativas. Enfim, esses diversos componentes do leite materno atuam estimulando o bom desenvolvimento do sistema imunológico infantil, assim, o aleitamento materno para a criança justifica-se.
Para a leitura mais aprofundada sobre o tema, seguem algumas sugestões de estudo:
Blog BF eventos – Obesidade infantil: nutrição e epidemiologia
DOI: 10.3390/nu11081834.
DOI: 10.1159/000505068
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