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4 estratégias para atenuar a imunossupressão causada pelo exercício físico de alta intensidade

Science Play


Você já pode ter escutado que a prática regular de exercício físico pode melhorar a resposta do sistema imunológico. Entretanto, esse cenário muda quando deixamos de falar do exercício moderado e passamos a discutir sobre atletas de alto rendimento. De maneira geral, o tipo de exercício e o comportamento do atleta podem alterar a suscetibilidade a infecções respiratórias do trato superior (URS), sendo assim, exercício de alta intensidade, períodos de carga de treinamento aumentada ou próximos de competições.


Os sintomas envolvem normalmente, tosse, espirros, congestão nasal, produção de muco, dor de garganta e broncoconstrição. Esses sintomas respiratórios superiores, podem prejudicar o desempenho do atleta, por reduzir a capacidade aeróbica, força muscular, velocidade de contração, agilidade e o processamento de informações.


Outro fator a ser considerado, é que exercícios de alta intensidade e longa duração permitem uma janela de oportunidade às infecções nas primeiras 6 horas após o término. Sendo assim, um sistema imunológico debilitado irá aumentar o risco de infecções, lesões e atrapalhar no rendimento do atleta, tornando fundamental alguns ajustes nutricionais para evitar essa exposição e atenuar a imunossupressão. Baseado nisso, vamos discutir 4 estratégias:



1 - Ajustar a quantidade de carboidrato da dieta


Os carboidratos são essenciais não apenas para manutenção do glicogênio muscular, mas também para a manutenção do sistema imunológico. Essa interação pode ser vista através dos macrófagos, células de defesa do nosso organismo que utilizam a glicose como substrato energético. Uma baixa concentração de glicose na corrente sanguínea, irá afetar a função dessas células e consequentemente do sistema imunológico como um todo. Nesse ponto, devemos nos atentar à necessidade ou não da prescrição de dietas com baixo carboidrato, para não debilitar o sistema imune do atleta.



2- Evitar situações de baixa disponibilidade energética.


A maioria das células do sistema imune são dependentes de ATP. Situações de baixa disponibilidade energética causam diminuição da disponibilidade de ATP e consequentemente, uma depleção do sistema imunológico. Dessa forma, é fundamental realizar o cálculo de disponibilidade energética durante a consulta e assim, evitar a restrição calórica exacerbada. Atualmente na prática clínica, utilizamos o termo deficiência de energia relativa no esporte (RED-S) para tratar sobre a inadequação de disponibilidade de energia.


3 - Verificar a necessidade do uso de suplementos nutricionais


Devido à pandemia, diversos suplementos vieram à tona para otimizar o sistema imunológico. Contudo, quando falamos de esportes, dois deles se destacam: Vitamina D e Ômega-3. Algumas células do nosso sistema imunológico possuem receptores de vitamina D, chamados VDR. Quando essa vitamina se liga aos receptores, ocorre maior atividade das células e consequentemente, maior defesa do sistema imune. Além disso, a deficiência de vitamina D está associada ao maior número de sintomas, severidade e duração de URS. Já a suplementação de ômega-3, reduz a produção de citocinas pró-inflamatórias, aumenta a resposta do sistema imunológico e reduz a peroxidação lipídica.


Outro suplemento altamente discutido é a glutamina, mas será que essa influencia mesmo no sistema imunológico? Estudos mostram que não ocorre uma interação direta, mas sim indireta, pois a glutamina auxilia na saúde intestinal, melhorando assim o sistema imunológico. A relação entre saúde intestinal e sistema imune, nós iremos falar no tópico a seguir.



4 - Manter a microbiota intestinal saudável


Há um crescente interesse na saúde intestinal para a saúde geral do atleta. A microbiota intestinal é capaz de atuar em locais distantes da mucosa, incluindo no trato respiratório através do sistema imunológico. Acredita-se que aproximadamente, 70% do sistema imune está localizado no intestino e 70% da produção de anticorpos são realizados a partir do sistema digestivo, como a imunoglobulina A. Essa influência da microbiota na saúde respiratória, aumenta o interesse em produtos para a saúde intestinal, como é o caso dos probióticos, responsáveis por interferir na permeabilidade intestinal, reduzir a secreção de citocinas pró-inflamatórias e possuir efeito antibactericida. Dentre os principais, temos Bifidobactérias e Lactobacillus.


Pensar nessas estratégias durante a consulta e executá-las ao seu paciente, irá atenuar a imunossupressão causada pelo exercício de alta intensidade e consequentemente, influenciar de maneira positiva no rendimento do atleta. Uma dica extra, é apostar nos compostos bioativos, conhecidos por otimizar o sistema imunológico e reduzir risco de infecções no trato respiratório superior. Dentre eles, temos os flavonóides (antocianinas, quercetinas, barrys, tanina). Também, podemos utilizar suco de uva integral, extrato de chá verde, cúrcuma e própolis.


Para um estudo mais aprofundado sobre o tema, seguem abaixo algumas sugestões:



Sugestão de estudo do Portal Science Play: Probióticos e Esportes de Alto Rendimento


Referências:


COLBEY, Candice; COX, Amanda J.; PYNE, David B.; ZHANG, Ping; CRIPPS, Allan W.; WEST, Nicholas P.. Upper Respiratory Symptoms, Gut Health and Mucosal Immunity in Athletes. Sports Medicine, [S.L.], v. 48, n. 1, p. 65-77, 24 jan. 2018. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1007/s40279-017-0846-4.


LEANDRO, Carol Góis; CASTRO, Raul Manhães de; NASCIMENTO, Elizabeth; PITHON-CURI, Tânia Cristina; CURI, Rui. Mecanismos adaptativos do sistema imunológico em resposta ao treinamento físico. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, [S.L.], v. 13, n. 5, p. 343-348, out. 2007. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1517-86922007000500012.


SUZUKI, Katsuhiko; HAYASHIDA, Harumi. Effect of Exercise Intensity on Cell-Mediated Immunity. Sports, [S.L.], v. 9, n. 1, p. 8, 11 jan. 2021. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/sports9010008.


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