A rotina de atletas de alto desempenho é realmente desafiadora. Além de incluir longas horas de treinos e preparo para inúmeras competições, o que acaba exigindo muito da capacidade física dessa população, ajustar os nutrientes da dieta de acordo com o calendário do atleta é um ponto crucial para o nutricionista. Isso decorre do pensamento de reverter os distúrbios homeostáticos causados pelo exercício físico. Entretanto, há um ponto específico que também exige atenção por parte do nutricionista: O consumo de álcool em atletas. Ou seja, qual a relação entre o consumo de álcool e o exercício físico?
Por mais contraditório que possa parecer, o consumo de bebidas alcoólicas por atletas é muito comum. Alguns estudos demonstraram que quando comparado com a população geral, os atletas têm maior propensão a um consumo excessivo. Ou seja, o famoso binge drinking, que em português refere-se ao consumo excessivo de álcool, mais precisamente definido pela ingestão de cinco ou mais doses de uma bebida alcóolica em um mesmo momento.
Esse consumo varia de acordo com a modalidade, porém, aparentemente é mais presente em modalidades coletivas que tenham competições/campeonatos semanais, onde o consumo alcoólico tem cunho comemorativo. Tal consumo excessivo está atrelado a impactos desfavoráveis em alguns sistemas fisiológicos importantes para a saúde e o desempenho do atleta. Alguns exemplos são:
Álcool e Síntese Proteica
Mesmo com a ingestão proteica adequada para a recuperação do atleta, o consumo alcóolico impacta negativamente a síntese proteica. Uma das hipóteses está relacionada ao efeito inibitório do álcool na fosforilação da mTOR no músculo esquelético. Tal fato supostamente aumenta a tradução do RNA mensageiro de um regulador negativo dessa proteína, o gene induzido por stress REDD1.
Álcool e Glicogênio
A ingestão alcoólica aguda interfere no metabolismo dos carboidratos a nível hepático e muscular. Por consequência, há a inibição da captação de glicose pelo músculo esquelético, principalmente por diminuir o efeito estimulatório do exercício físico. De forma indireta, o consumo alcoólico faz com que o atleta não consuma a quantidade de carboidrato adequada para sua recuperação. Todos esses fatores em conjunto, prejudicam a ressíntese de glicogênio, que trará impactados na força e no desempenho do atleta.
Álcool e Sistema Imune
O consumo de álcool causa desequilíbrio nos processos inflamatórios. Uma das alterações é a desregulação da produção de TNF-a, inibindo a produção de moléculas pró-inflamatórias pelo endotélio. Além disso, também há a inibição da expressão de IL-6, limitando ainda mais a resposta pró-inflamatória após um trauma, que pode afetar negativamente uma lesão muscular, por exemplo. Além disso, o uso crônico de álcool também pode comprometer cada vez mais o sistema imune desse atleta, aumentando as chances de infecções e doenças.
Conclusões
Sobre álcool e exercício físico, na maioria das modalidades esportivas, sobretudo aquelas que não envolvem critérios de avaliação da composição física, os atletas tendem a ser menos disciplinados em relação ao plano alimentar proposto. Neste caso, é importante elucidar os efeitos deletérios do consumo de álcool excessivo sob a performance, para que os atletas entendam e sigam as orientações de beber moderadamente em eventos especiais. Por fim, uma boa orientação também é importante para que os atletas continuem seguindo as orientações alimentares, bem como estratégias de hidratação e sono, a fim de que haja a otimização do seu desempenho nas próximas sessões de treino.
Para se aprofundar um pouco mais, leia:
Blog BF eventos: Entenda como ocorre a hipertrofia muscular
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